segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O meu afilhado-bebé...


...que, diz o médico, é simpático mas teimoso. 
Que faz adeus e me rouba bons sorrisos.

domingo, 6 de janeiro de 2013

2012 | 2013

Um ano não é assim tanto tempo. Mas pode ser cheio de concretizações. O meu 2012 revelou-se assim. Aprendi que não vou ter tempo para tudo, mas que nada pode ficar por fazer. Amei com mais força, soube o que era crescer a dois. Batalhei com mais intensidade, fiz o que sonhava fazer. Argumentei. Venci muitas vezes. Soube o que era enviar 20 CV's num só dia, e não obter nenhuma resposta. Odiei com cada vez mais força quem ignora simples pedidos de aspirantes a pseudo-jornalistas. Mas sorri muito quando concretizei o meu primeiro projecto jornalístico Só meu. E deixei cair lágrimas de felicidade enquanto tornava sonhos realidade. Fui uma super-mulher naquelas semanas de Junho. Fiz A viagem da minha vida, com O amor da minha vida. Dormi (muito) pouco. Cansei-me. Arrastei-me muitas vezes. Soube o que era adormecer num banco de jardim em Berlim, numa relva verdejante em Postdam, num memorial de judeus. Dormi duas noites inteiras num comboio. Escrevi, fotografei, re-escrevi, apontei, editei, legendei. Fiz tudo, à minha maneira, à minha responsabilidade. Agradeci aos que me ajudaram, aos que leram e divulgaram. Meses depois ainda descubro que tenho leitores assíduos que não conheço e que despertei vontades de viajar em muita gente (e não, não estou a exagerar). Paguei a minha primeira viagem por completo. Passei os meus primeiros recibos-verdes, passei a gerir o dinheiro que ganhava fruto do meu trabalho. Aprendi que sei fazer mais do que jornalismo e que trabalhar (no meu) callcenter pode não ser assim tão mau. Falei rouca ao telefone. Fiquei quatro dias em casa sem voz. Tomei mais vezes conta da minha garganta. Fui insultada, comparada com robots, desligaram-me mais de mil vezes o telefone na cara, soube dar a volta a muita gente. Recebi prémios nos meses em que me aplicava mais a sério, e em que tinha sorte. Descobri que o meu apelido é ainda mais vulgar do que eu achava. Criei algumas empatias com as pessoas com quem falava. Espicacei os mais mal-educados, chamei-lhes "burros" com muita força, enquanto metia o telefone virtual no "mute". Senti-me um bocadinho melhor com isso. Percebi que um primeiro trabalho nunca vai ser um trabalho de uma vida. Mas senti-me, muitas vezes, privilegiada por ter um emprego, principalmente tão cheio de facilidades. Fiz colegas de trabalho, e passei a gostar da maioria deles. E ajudei outros tantos a arranjar trabalho. Alguns dos meus amigos de faculdade passaram a ser meus colegas de trabalho, o que me faz atenuar as saudades, mas que me deixa demasiado assustada. Despedi-me de muita gente, vi muitos partirem. Comecei a ponderar se será aqui o meu lugar. Desejei muitas vezes que tudo fosse mais fácil. Chorei com intensidade. Quis voltar aos bancos do Xiri, às salas de aula da Lusófona, às quartas-feiras trajada. Re-li, muitas vezes, a fita de finalista que o meu pai me escreveu. Chorei de cada vez que o fiz. Continuei a emprestar apontamentos e a marcar jantares, saídas e cafés com todos. Não tantos quanto queria. O meu traje deixou de me servir. Soube o que era fazer um ano de namoro. Jantei ainda mais vezes fora. Acordei mais vezes acompanhada. Aprendi a gostar de conchinhas durante a noite e a partilhar camas pequeninas. Dei beijinhos de boa-noite e de bom-dia. Passeei muito, fotografei ainda mais. Usei mais vezes o meu tripé (e o dos outros). Ensinei a fotografar, ofereceram-me uma maquina analógica. Tive mais paciência, mas continuei a ser muito rabugenta. Fiz mais ronhas e fui mais vezes preguiçosa. Jantei menos vezes com a minha família mas aprendi a dar mais valor a esses momentos juntos. Discutimos mais, mas fiz-me perceber mais. Senti mais saudades. Soube que ia ser madrinha. Ajudei a ver uma casa, vi nascer o filho de um casal amigo. Faltei a um casamento. Acampei uma semana, onde servi como uma caminheira crescida. Senti muito orgulho disso. Passei o meu aniversário no acampamento nacional. Recriminei muita coisa que, para mim, estava mal. Sobrevivi a cinco almoços de sandes de panado. Mais de sandes do que de panado. Respondi a mensagens de aniversário uma semana depois. Voltei a perceber que há pessoas que são de sempre e para sempre, mas percebi que há muitas palavras que não passam disso. Conjuguei imensos horários, imensas vidas, imensos trabalhos. Bebi mais café. Passei a coleccionar pacotes de açúcar, de forma organizada. Não cheguei ao objectivo dos mil até ao final do ano. Passei no código e na condução. Recebi a minha guia no dia da criança e tive que a validar duas vezes. Conduzi carros que não são meus. Fiz as seis cadeiras obrigatórias para o primeiro ano de mestrado e entreguei o meu projecto de teses. Engoli muitos sapos, mas devo ter desiludido mais vezes. Disse sempre o que pensava, mesmo que não gostassem de ouvir a minha opinião. Bati demasiadas vezes o pé. Disse muita coisa de forma incorrecta, fui muitas vezes mal interpretada. Fui a melhor Baguera que sei ser. Meti em causa muitas coisas que dava como adquiridas para o resto da minha vida. Soube ser racional. Faltou-me muitas vezes a ponderação. Abracei mais vezes e pedi mais vezes para não me deixarem. Tive demasiadas vezes medo de perder, agarrei-me com mais força. E porque o ano novo ainda pode ser tudo o que quisermos que ele seja, que os meus 12 desejos em formas de gomas com ursinhos sejam repletos de tanta ou mais felicidade.