quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Fim do Jornalismo em papel?

[são constantes as questões, não existem simples respostas mas podem haver grandes reflexões. Texto base de uma apresentação para Jornalismo Digital, por mim, pela Sara Beato e pela Soraia Neto.]
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É um facto que, recentemente, o jornalismo tem vindo a mudar. Desde o aparecimento da internet que a divulgação de informação foi facilitada, isto porque o meio interactivo sempre foi do agrado de um vasto conjunto populacional. Os próprios jornais informativos viram na internet um meio de divulgação dos seus serviços e utilizaram-se dela para estenderem a um maior número de pessoas a informação por eles produzida.
A produção noticiosa pela internet traz inúmeras vantagens, principalmente ao leitor, que vê a notícia a chegar-lhe a casa de forma simples e cómoda. As principais potencialidades das notícias online prendem-se com a interactividade (o leitor não só pode escolher com facilidade o que quer ler, elaborando, muitas vezes, o seu próprio jornal, como pode comentar as notícias publicadas, gerando mais informação e manifestando a sua opinião) e com o facto da informação ser, na maioria dos casos, gratuita e actualizada quase ao segundo. São estas dimensões do jornalismo online que fizeram com os jornais deixassem de se servir da internet para passarem a habitar nela, ou seja, começaram a aparecer jornais que vivem exclusivamente da sua produção online.
Este tipo de meios informativos podem ser considerados menos rigorosos e com menor qualidade do que as demais formas de fazer jornalismo. Contudo, o que é certo é que os leitores têm-se habituado aos conteúdos online, que têm uma linguagem própria dotada de certas especificidades que os tornam menos complexos do que os textos dos jornais impressos, mas que são suficientes para manter o leitor informado.
O grande problema do aparecimento do jornalismo online e da sua grande expansão é que, cada vez mais, os cidadãos podem assumir o papel de jornalistas, quer seja em blogues ou em sites “noticiosos”. Isto faz com que a credibilidade a muitas notícias publicadas online seja colocada em causa, uma vez que grande parte delas não é confirmada. Ou seja, nos dias de hoje, não são apenas os jornais que já existem em papel que têm sites onde colocam a informação que recebem, mas também pessoas comuns que, ao quererem dar a sua visão da notícia, acabam por influenciá-la. No fundo, qualquer um pode ser produtor de informação e isso pode colocar em causa o papel do jornalismo na sociedade actual.
É certo que ainda estamos num período de adaptação à comunicação na web e as questões relacionadas com a internet enquanto veiculo de comunicação ainda são muitas. Contudo, e apesar deste meio ainda não se encontrar veiculado nas próprias redacções, são vários os investigadores que já colocam em causa a sobrevivência do jornalismo tradicional.
Segundo diversos estudos realizados, existem vários motivos que contribuem para que, actualmente, o jornal em papel esteja a “desaparecer”. Por um lado há a existência de jornais gratuitos, que são distribuídos com base nas receitas de publicidade. Isso também faz com que as pessoas se habituem, facilmente, a um tipo de leitura mais fácil e, consequentemente, não procurem informação mais detalhada e rigorosa nos jornais diários. Desta forma, começam a surgir leitores que tem a sua atenção dispersa em informações rápidas, breves e instantâneas, ou seja, surgem leitores disciplinados numa autêntica economia da atenção. Por outro lado, a emergência das redes sociais, que apesar de não serem jornais acabam também por permitir a troca de informação. Estas trazem a possibilidade da informação ao minuto, o que faz com que as pessoas estejam constantemente a ser actualizadas, de uma forma rápida e ao mesmo tempo eficaz. Prova disso foi a aliança que, actualmente, coexiste entre os principais jornais diários e as redes sociais com maior número de utilizadores, como o facebook ou o twitter. O envelhecimento da população habituada à cultura do jornal em papel é mais um dos motivos que causa o seu fim. A grande maioria dos leitores assíduos dos jornais ultrapassa a faixa dos 50 anos.
Por último, como já foi referido acima, o modelo interactivo tem tendência para triunfar, daí que hoje em dia exista a emergência do jornalismo amador, criado e dirigido, principalmente, pelos bloguers que contêm blogues com informação, maioritariamente jornalística.
Estes motivos conciliados acabam por ser factores explicativos do nascimento desta nova forma de fazer jornalismo, onde o divertimento é aliado à informação. As suas potencialidades fazem com que cada vez mais o espaço digital seja usado em prol dos jornais em papel, o que nos leva a querer que, mesmo que o jornalismo tradicional não acabe, vai certamente sofrer várias alterações.

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